quinta-feira, 22 de julho de 2010

Conversa com... Vítor Bruno Gonçalves

“Para mim o futebol é 10% talento e 90%trabalho”

Iniciou-se nos escalões jovens do Famalicão mas cedo foi convidado a brilhar nos palcos da formação azul e branca. Esteve lá seis temporadas e foi lá que terminou a sua formação futebolista.
Vítor Bruno é um defesa esquerdo completíssimo, detentor de um enorme potencial, aliado a uma maturidade invulgar para um jogador tão jovem.
É deste modo que no futebol há também lugar para aqueles que dotados de características, como a regularidade, a entrega, a raça e a dedicação, se destacam e acabarão mesmo por superar as suas tão desejadas pretensões. Para pessoas com qualidades assim há sempre lugar e fôlego para mais uma distinta recompensa.
E eis que a dele irá chegar. Só lhe falta visibilidade em dose q.b.
Durante a nossa conversa a emoção estava à flor da pele, nomeadamente quando recordou com nostalgia os tempos da formação. Conseguiu transpor sempre para palavras a sua garra e convicção quando fala com orgulho da camisola que se dispõe a vestir.


1.Começaste desde cedo a conhecer o gosto pelo futebol. Como foram os teus primeiros tempos de chuteiras calçadas e equipamento vestido?
Vítor: Os meus primeiros tempos no futebol federado foram no Famalicão quando tinha onze anos. Foram momentos essencialmente felizes e de grande satisfação, onde comecei a demonstrar já algum potencial, embora nessa idade ainda seja um pouco precoce para avaliar alguma coisa em termos futuros.

2.Já percebias ou alguém te dizia que virias a ter enorme potencial?
Vítor: Como disse anteriormente, penso que é extremamente precoce avaliar-se alguém aos doze, treze anos. É uma idade na qual não se sabe os caminhos que se poderá seguir. E em termos de uma vida profissional, mais ao nível do futebol é prematuro, não podemos avaliar nada desde muito cedo. Inclusive, outras pessoas não ligadas ao Famalicão elogiavam-me e enalteciam-me por aquilo que fazia.

3.Nunca sonhaste em demasia?
Vitor: Eu tive sempre o meu objectivo muito bem definido. Sempre quis ser jogador de futebol, isso sempre foi algo que eu sabia e queria mesmo conseguir fazer. Desde muito cedo me mentalizei e os meus pais sempre se mentalizaram que era algo que eu queria seguir,

4.E quando alguém se apercebe do nosso talento e nós faz um convite de cortar a respiração? Presumo que tal aconteceu quando foste chamado a brilhar de dragão ao peito.
Vítor: Esse convite nasceu num torneio de Lisboa a nível nacional de inter-assoçiações, no qual representava a associação de Braga. Fomos campeões e como é óbvio eu, tal como mais alguns colegas de equipa destacamo-nos. Saímos três ou quatro para clubes de renome a nível nacional. E não sei se foi essa a altura em que realmente senti que poderia ter potencial e talento. Como referi anteriormente essas avaliações são muito precipitadas e para mim o futebol é 10% talento e 90%trabalho,

5.Como classificas e caracterizas todo o tempo de formação, nomeadamente o tempo passado no FCPorto?
Vítor: Acima de tudo, embora passando por momentos positivos e outros menos bons, foi uma aprendizagem que me servirá para a vida e que me dará bases para no futuro poder singrar no futebol. O FCPorto é uma escola.

6.Momentos que marcam existem alguns, uns pela positiva e outros mais pela negativa. Algum para contar?
Vítor: O momento mais negativo foi essencialmente o meu último ano de juniores. Lutava, trabalha e treinava todos os dias com a mesma personalidade e postura para conseguir ter a minha oportunidade. E afinal, não me deram oportunidade para poder brilhar e singrar. Tal como disse, o último ano de juniores é o mais importante na formação. Não interessa o que fizeste até aí, a última imagem é que fica. Guardo alguma mágoa com isso, mas agora é outra vida. Estou noutra fase e o que mais me motivou e me deixou de consciência tranquila foi no final quando me informaram que não iam ficar ligados contratualmente comigo e me felicitaram pela entrega, por não ter criado mau ambiente no balneário. Quando fui chamado a intervir, interví bem e ajudei o porto alcançar um objectivo, mais concretamente a Liga Intercalar. E como anteriormente referi saí de consciência tranquila.

7. Como foi a tua relação com a equipa técnica, com a direcção e a coordenação? Algum treinador que te marcou?
Vítor: Quando jogava e as coisas corriam bem, as pessoas vinham ter comigo, falavam abertamente comigo e faziam-se todos de muito amigos, digamos assim. Inclusive o treinador tinha conversas mais especificas e mais pessoais sobre o plantel, sobre o rendimento do mesmo e sobre escolhas que fazia, Nos meus momentos mais altos as pessoas mostravam-se com outro tipo de atitude, bem mais acessíveis, E depois fui um pouco abandonado na parte final e ai demonstraram as verdadeiras pessoas que eram,
Quanto aos treinadores que me marcaram, refiro o nome de Vítor Pereira e Rui Gomes que foram aqueles que deixaram mais saudade.

8.E como foi lidar com a personalidade, exigências e trabalho do treinador holandês?
Vítor: Acima de tudo aprendi bastante com ele, numa perspectiva não tanto pessoal porque me “prejudicou”. Mas entendo que cada um tem as suas opções. Quanto ao trabalho técnico gostei, tinha métodos diferentes de outros treinadores portugueses e com essa diversidade de métodos aprendemos e evoluímos.

9.Durante o teu último ano na formação azul e branca, a classificação final não foi a desejada para o clube que representavas. O que faltou nessas época?
Vítor: Mais entreajuda no grupo. Havia culturas, nacionalidades e formas de estar completamente diferentes porque tínhamos jogadores estrangeiros. Não só focado num país mas em várias zonas mundiais. Talvez tenha faltado mais espírito de grupo, aquela vontade de sermos essencialmente amigos dentro de balneário.

10. Sentes então que ao excesso de jogadores estrangeiros afectou a participação da equipa?
Vítor: Afectou desde inicio o bom rendimento do balneário. O jogador quando vem, vem com protagonismo diferente dos outros e com oportunidade diferentes das que são dadas aos jogadores portugueses. Existe para com eles uma protecção maior e isso cria um mau estar no plantel. Mas atenção, não sou contra a vinda de jogadores estrangeiros para o nosso país porque defendo a ideia que a formação é uma preparação para a passagem sénior, no entanto para tudo existe um limite. Há que dar valor e oportunidades para que os jogadores portugueses tenham uma formação/evolução equilibrada.

11.E o titulo na liga Intercalar que deste ao Porto? Foi um momento que te marcou?
Vítor: Foi como é óbvio um momento que me marcou a mim e a toda a equipa. A mim em especial porque nesse jogo, contra o Paços de Ferreira, marquei o golo do empate o que permitiu à minha equipa chegar até às grandes penalidades. No entanto, esse momento pelas gentes do FCPorto foi desvalorizado e relativizado.

12.Os anos passam e novos desafios surgem. Como é então encarada a responsabilidade e o desafio de pertencer ao plantel sénior?
Vítor: É muito diferente jogar a nível sénior. No escalão superior lidas com idades diferentes, formas de estar na vida diferentes, jogadores casados e com filhos, que poderiam muitas vezes serem nossos pais. Por tudo isto, é importante criar uma boa relação dentro do balneário.

13.Era algo que ao longo dos anos vinha sendo ansiado cada vez mais?
Vítor: Nunca pensei muito nisso, só mesmo na fase final do campeonato de juniores me comecei a sentir um pouco abandonado. Nunca pensei ser tão difícil a integração num clube.

14.Para além de cresceres em vários aspectos ao integrares um plantel superior, também passaste e sentiste algumas mudanças ao ingressares num clube da III Divisão Nacional, refiro–me ao teu clube no primeiro ano de sénior (CDCandal). Muitas mudanças encontradas, a nível de instalações, infoestruturas, massa associativa, direcção, entre outros…?
Vítor: Sem dúvida. Nós estávamos habituados a tudo ao bom e do melhor, tudo à grande e de repetente vemo-nos no lado oposto. São clubes totalmente diferentes, estruturas também e um nível de vida também diferente mas o ser humano é isto, tem de se adaptar às circunstâncias da vida. E eu tinha de me adaptar rapidamente ao meio em que estava inserido para poder evoluir de forma natural e não estar sempre a pensar: eu fui jogador do Porto, isso podia-me prejudicar no futuro.

15.Sei que para além da formação no Famalicão e no FCPorto, passaste também no primeiro ano de juniores pelo Candal. Actualmente o Candal detêm sobre ti direitos de formação, o que faz por necessidades financeiras, penso eu, e exige por ti aos outros clubes profissionais uma verba exorbitante, até atingires os 23 anos. O que tens a dizer sobre isto?
Vítor: É um tema extremamente complexo porque os direitos de formação podem prejudicar um jovem em termos de afirmação e em termos de subir na carreira. E é inevitável que não prejudiquem, porque neste momento com a crise que atravessamos nenhum clube está disposto a pagar valores altos por jovens em inicio de carreira e que no futuro não sabem o que poderão vir a ser. É uma forma de sobrevivência dos clubes pequenos e ter um extra é muito importante para o futuro financeiro desses mesmos clubes. No entanto, são oportunidades que se perdem devido à intransigência de negociação.

16. Pretendes manter as boas relações com o Candal?
Vítor: Qualquer jogador tem de manter boas relações com o seu passado. Foram momentos muito felizes, os vividos no Candal, fui lá internacional nos juniores sub18 e tenho obrigatoriamente de manter boas relações, isso faz parte de mim. Vamos ver se conseguimos chegar a algum acordo no futuro.

17.Esta época, 2010/2011, representarás o GD Ribeirão da II Divisão. É um clube num patamar mais elevado, com outro tipo de projecção. No entanto, continua a ser um clube não profissional. Que importância para ti a todos os níveis, acreditas que terá a temporada que se avizinha?
Vítor: O Ribeirão tem uma estrutura jovem, um clube que me permitirá certamente continuar a evoluir, pois tem mais projecção. Está num patamar superior, numa divisão superior, com um plantel jovem o que por si só é bom, pois em termos de adaptação será com certeza mais fácil. Portanto, penso que estão aqui os ingredientes para que seja uma temporada positiva e no plano pessoal será uma contínua evolução que tenho de ter.

18. E que certezas pode dar aos adeptos do Ribeirão no que diz respeito à tua atitude e entrega ao vestir a camisola?
Vítor: Entrega sempre em tudo que faço. Seja em treino, em jogos, seja no que quer que for. Entrarei sempre com o máximo de empenho e de atitude para dignificar a camisola, essa é a maior certeza que poderei dar aos ribeirenses.

19.Com certeza que já terás noção do que será ter responsabilidade, pois já representaste a nossa Selecção Nacional. Que escalões já representaste na selecção? Quantas internalizações tens?
Vítor: Tenho uma internacionalização. Representei os sub 18 mas treinei em escalões inferiores, como os sub 16, mas não joguei nenhum jogo. Houve uma fase nesse escalão em que fui chamado mas o FCPorto não me deixou porque havia divergências entre a selecção e o FCPorto na altura. Acabei por não ter essa oportunidade.

20.O que se sente quando se ouve o hino Nacional a soar no nosso ouvido e sobretudo no nosso coração?
Vítor: É uma alegria imensa. É extraordinário estar dentro do campo e olhar para a bancada e ver todas as pessoas a cantarem o hino. Mais emocionante, é olhar e ver os nossos pais. É uma sensação indescritível.

21.Num balneário repleto de gente muito diferente, como se lida com pessoas com personalidades muito diferentes e muitas vezes, muito atenuadas?
Vítor: Tem de haver esse tal espírito de grupo, a compreensão que somos todos diferentes mas que estamos a lutar em prol de uma causa. Dentro de um balneário temos de nos comportar como se fossemos uma família, pois o balneário é cada vez mais importante para o sucesso da equipa.

22.Ao longo da vida, vamos aprendendo muita coisa. Há quem nos dê lemas, perspectivas e frases que nos marcam para sempre. Há alguma que o tenha marcado em especial e que lhe dê força quando mais necessita dela?
Vítor: O lema ou frase que me guia sempre é bastante simples: serei aquilo que sempre ambicionarei ser!

23. A tua integração e esse apoio que tens e tiveste no mundo do futebol deve-se alguém em especial?
Vítor: Os meus pais são o alicerce e o suporte maior que posso ter neste momento. São extremamente importantes para mim. Acompanham desde sempre a minha contínua evolução. Ajudam-me nos momentos negativos que tenho, nomeadamente em lesões que são momentos em que não falamos com ninguém e no qual as pessoas mais próximas levam com o nosso mau humor. É nessas pessoas que neste momento deposito enorme confiança e um grande sentido de valorização.

24.Ser jogador de futebol exige sacrifícios…Aos 20 anos ainda mais… Em que medida tiveste de adaptar a tua vida? Pertencer a uma equipa sénior é sinónimo de deixar coisas por viver?
Vítor: Podemos viver tudo mas no seu tempo. Para podermos seguir algo temos de ter consciência que temos de abdicar de algumas coisas. Eu não tenho problemas de abdicar do que quer que seja.

25.Esses sacrifícios futuramente vão ser retribuídos? Há essa esperança?
Vítor: Se não tivesse esperança não havia nenhum fundamento andar neste meio.

26.Neste momento o que ocupa mais destaque na tua vida?
Vítor: O futebol. Sem o futebol não conseguia viver nem ter um sorriso diário.

27.E agora, o que pensar para o futuro?
Vítor: O futuro neste momento é o Ribeirão, onde se concentram as minhas energias.

28.A ilusão é um dos perigos do futebol? Sentiste e ainda o sentes?
Vítor: De facto, a ilusão é um dos perigos do futebol mas no meu caso tento ter sempre os pés bem assentes na terra e não me iludir momentaneamente por algum tipo de sucesso que vá acontecendo.




Data:21.07.2010

sábado, 17 de julho de 2010

Conversa com... António da Silva Gomes

Presidente do FCPenafiel – Sr. António Gomes

“O FCPenafiel precisa de pessoas que o sirvam e não que se sirvam!”

Muito coerente e sensatamente, António Gomes, actual presidente do FCPenafiel explicou ao (In)Formação qual o seu estado de espírito e de entrega, quais as suas visões desportivas, assim como revelou e levantou o véu quando se falou nos seus planos para a próxima época.
É um homem com convicções fortes. Um líder nato, que conseguiu em paralelo com a restante direcção a proeza de estabilizar e limpar o bom nome do FCPenafiel.
Sente-se ressentido coma atitude do mister Rui Quinta e revela ainda pormenores da mesma.
A certeza, essa ficou… Aconteça o que acontecer, o grande objectivo que tem enquanto estiver à frente deste clube é fazer sempre mais e melhor.



1. Na sua visão de Presidente do clube, o que falhou para que uma subida, de facto, tivesse acontecido?
Sr. António Gomes: Eu não considero uma falha, são coisas próprias do futebol, desde que esta direcção assumiu a responsabilidade do clube, toda a gente sabia, pelo menos os desportistas qual o cais do clube. O clube tinha carências de toda a ordem, de maneira que o nosso propósito foi dentro do possível tentar limpar alguma coisa que nos parecia estar menos bem, tentar a estabilidade e só depois tentar fazer o melhor possível. Penso que nós conseguimos em parte quase tudo, menos a parte final. Criamos estabilidade social do clube, estabilidade económica, desportiva mas nunca foi o nosso objectivo subirmos de divisão. É evidente que nós como somos pessoas ambiciosas, as coisas começaram-se a proporcionar, estavam de tal forma tão aliciantes que tentamos realmente a subida mas quando os princípios não são esses… porque talvez nos faltou alguma coisa em termos de valores humanos e desportivos e, se calhar nós tínhamos quantidade mas não tínhamos a qualidade em dimensão desejada. Essa foi talvez uma das principais lacunas que nos privou de na realidade atingirmos o objectivo da subida.

2. “Morrer na praia” aproxima-nos sempre de um sentimento de injustiça. O que sentiu com o apito final em Chaves?
Sr. António Gomes: Foi uma desilusão para todos nós, porque penso que o Penafiel depois de atingir aquele relevo de sangue quase total se proporcionou em termos de massa humana e física em Chaves. Toda a cidade e todo o concelho se mobilizou em torno do nosso clube para nos dar aquele grande apoio que nós precisávamos. O apito final foi mesmo uma desilusão porque por um golo não chegamos aquele objectivo, não subimos de divisão.

3. Como é que a direcção do Penafiel perspectiva o próximo ano?
Sr. António Gomes: Toda a gente sabe que o presidente é eleito, toma posse e depois é que se mune da sua direcção, de maneira que nunca esteve no meu horizonte dar continuidade. Pediram-me para tomar conta do clube este ano transacto, criar estabilidade e em virtude daquilo que aconteceu nunca esteve no meu horizonte dar continuidade ao clube. Mas, se calhar mediante tudo aquilo que aconteceu e mediante a pressão dos meios públicos e políticos da cidade e do concelho, praticamente nós começamos a dar o pontapé de saída para a próxima época. Agora o que é que acontece? O que se perspectiva em termos de acção do futuro? O FCPenafiel neste momento não sabe qual vai ser a sua posição, se nós vamos manter na II B, se vamos subir para a liga Vitalis. Tudo isto é incógnito. Por isso, neste momento em que estou a falar consigo estamos em stand-by, temos talvez de esperar mais uma semana para ver qual é a posição que a Liga e a Federação vai perspectivar para ir preencher as vagas deixadas pelo Estrela da Amadora e pelo Boavista, que na minha óptica vão deixar lugar para preencher. Porque não aparecendo condições em termos de dados físicos, financeiros e sociais não é possível a respectiva inscrição no futebol profissional.

4. Mas mesmo que a justiça não seja feita e o FCPenafiel continuar na II Divisão, o objectivo vai passar logo desde início pela subida de divisão?
Sr. António Gomes: Os pensamentos podem ser muitos, mas na realidade do futebol nós temos de nos aperceber que as receitas ficam muito aquém do desejado. Não há receitas, a massa associativa fica muito aquém daquilo que era preciso para nos dar um alicerce financeiro. Nós praticamente vivemos de algumas carolices e de ajudas da Câmara Municipal, da Penafiel Verde, entre outros, para nos dar a esperança de conseguirmos uma equipa base, com princípio, meio, fim e que nos dê algum objectivo de mais valia para que possamos ter uma equipa superior, capaz de atingir esses objectivos. Como nós nos prontificamos a dar continuidade ao projecto, a intenção podemos tê-la, agora ter atitude e agir é muito complicado. Isso só no fim é que podemos fazer um balanço daquilo que fizemos. O que interessa no meio disto tudo é que continuemos a estabilizar o clube. Nós estávamos num decerto total e sinceramente não sei como conseguimos fazer coisas tão razoáveis como aquelas que fizemos.

5. Para já alguma novidade para o clube em geral, ou para o plantel em particular?
Sr. António Gomes: Não, acho que está tudo igual, está tudo estabilizado, portanto toda a gente sabe aquilo que se passou, agora o que procuramos fazer é mais e melhor.

6. Que tipo de jogadores a seu ver fazem falta neste momento à equipa? E para que posições?
Sr. António Gomes: Se não falhar nada que vem da época transacta, eu disse sempre que o Penafiel precisa de manter a base, alguma base já fugiu, foi o caso do Ginho. Nós precisamos de colmatar o lugar de dois defesas, precisamos de dois bons médios, de um bom avançado e precisamos de um extremo esquerdo. Temos praticamente asseguradas todas as coisas. Falta-nos resolver o problema com o Pedro Moreira. Se ele ficar é para nós uma satisfação muito grande, porque é um jogador da nossa terra, das nossas camadas jovens. Até este momento ainda não chegamos acordo, pensamos chegar mas se não chegarmos se calhar iremos com certeza tapar essa lacuna com outro jogador. Talvez possa ser melhor ou não tão bom mas pensamos colmatar essa brecha. Os restantes jogadores irão aparecer, se não aparecerem de um lado apareceram do outro. O que nos falta neste momento é dinheiro, porque jogadores são como as cerejas, muitas e boas.


7. Como caracteriza e qualifica o trabalho dos atletas penafidelenses?
Sr. António Gomes: Eu penso que o Penafiel tem uma base já razoável, quer os jogadores da nossa formação quer todos os outros que transitaram das épocas anteriores. Temos algumas mais valias bastante razoáveis. O Zé Eduardo já fechou contrato, estamos à espera que o William venha cá para assinar, o Tiago (ex júnior) vai ficar também cá no FCPenafiel. Da linha média o Bruno Madeira é neste momento incógnito também, porque está à espera de contrato do estrangeiro, não sei se será estrangeiro ou de cá… sabe que a II Divisão B é uma transição de jogadores, de maneira que é um palmarés que na dá aquela dimensão em termos visuais para qualquer jogador. Isso inibe-nos de contratarmos algum jogadores, pois ou eles são super bem pagos, não podemos entrar por aí, ou então eles vêm o primeiro ano, dão nas vistas e depois querem sair. O caso do Bruno Madeira, penso que foi um dos jogadores que se calhar mais se salientou na nossa equipa. Em relação ao resto do plantel, o Guedes vai regressar, o Michel vai continuar, é uma das grandes mais-valias que o clube tem e o Quim tem contrato de mais um ano, vai continuar.

8. Já é do conhecimento de todos que o Mister Rui Quinta não encabeçará a equipa técnica na próxima temporada. O que esteve na base dessa saída?
Sr. António Gomes: Vou ser muito curto naquilo que vou dizer. O Rui Quinta fez o seu trabalho, o maior mérito não foi dele, não foi da direcção, foi do clube. Quando nós lhe demos a possibilidade de ele continuar como líder da equipa técnica e de dar continuidade ao trabalho desenvolvido na época anterior, ele disse que ia pensar e de maneira que nunca mais disse nada. Portanto, vou ser curto mas vou-lhe ser sincero. O Sr. Rui Quinta foi o pior, dos piores, dos piores putos dos putos que existem na sociedade para quem o tirou da miséria em termos desportivos. Ele foi corrido do Aliados de Lordelo, teve no Paredes e desceu de divisão, nunca treinou mais nenhuma equipa e veio para o Penafiel pela mão da direcção, que lhe deu a mão e ele usufruiu desse direito e fez aquilo que fez. Homens assim são piores que a m…

9. O FCPenafiel perde, para além do treinador, alguém que reconhece e acredita na formação que o clube faz, ou seja, poderá perde um treinador que aposta fortemente na formação?
Sr. António Gomes: Acho que o Rui Quinta não tem nada a ver com a formação do FCPenafiel. Ele por onde passou em termos de formação também não fez nada, andou por cá, andou por todo o lado e também não fez nada. Eu não quero entrar por aí e penso que o FCPenafiel tem uma base, tem uma estrutura e vai continuar a ter. Não temos problemas em continuar com a mesma base, com a mesma estrutura porque o FCPenafiel precisa de pessoas que o sirvam e não que se sirvam!

10. Bruno Cardoso é o futuro treinador do FCPenafiel. Qual o porque desta escolha e que características considera serem reunidas pelo mesmo?
Sr. António Gomes: Caiu o Sr. Bruno Cardoso como poderia ter caído qualquer outro na equipa técnica. O Sr. Bruno Cardoso já jogou no FCPenafiel, tivemos sempre aquela conversa, sempre o conheci como pessoa e como um bom jogador. Acho que fez um bom trabalho nos clubes por onde passou, de maneira que foi aí que recaiu a escolha de Bruno Cardoso para orientar os destinos do clube. Penso que da nossa parte agimos da melhor maneira e esperemos que todos saiamos frutificados com o trabalho, com o desempenho, com as vitórias e com os objectivos.

11. Assistimos nesta época a uma união do grupo sénior, pensa que o mister Bruno Cardoso tem qualidades humanas para continuar com essa mesma coesão?
Sr. António Gomes: Eu penso que sim, por aquilo que se tem vindo a conhecer do trabalho dele através da comunicação social, o Sr. Bruno Cardoso nunca foi um homem de litígios e de entrar em contradições. Foi sempre um homem bem formado em todos os campos, executivo e social. Espero que faça um bom trabalho com aquela objectividade que nós entendemos que o clube precisa.

12. O povo em Penafiel dizia, há uns tempos, que se o Penafiel não subisse podia perder os patrocínios e apoios. Isso tem algum fundamento?
Sr. António Gomes: Não. Os patrocínios e os apoios são dados pela Câmara, pela Junta de Freguesia, pela Penafiel Verde e por muitos oriundos que são de alguma base da responsabilidade da direcção. Como sabe esta direcção, embora seja uma direcção que não dá muito nas vistas, é uma direcção com credibilidade e mediante a credibilidade que tem, penso que os patrocínios estão todos dentro do alcance desta direcção. No entanto, há um senão que é a situação económica do país, toda a sociedade em geral sabe que está tudo mal, as empresas estão mal e se alguma coisa falhar não é por caso do clube não ter subido. Nós nunca prometemos nada a ninguém. Estabilizamos o clube, se não está bem está razoável. Temos tudo controlado e vamos continuar a dar uma honra e uma dinamização ao nosso clube. Vamos sair assim com certeza e se Deus quiser todos prestigiados e honrados com tudo que se rodeia à volta do clube.

13. A claque “Penaboys” acordou tarde mas o seu regresso foi em grande graças ao trabalho de alguns adeptos. O que pensou de tudo isso?
Sr. António Gomes: São coisas de ocasião. Penso que a claque se quis congregar connosco e aproveitou aquela grande euforia dos resultados e da posição que o Penafiel alcançou para nos ajudar atingir esse grande objectivo. Fizeram tudo de bem para se juntarem a nós e estamos-lhes todos gratos por isso. Sejam bem-vindos, nós precisamos de tudo e de todos.

14. Como espera que sejam os dias futuros neste clube?
Sr. António Gomes: Não sabemos. Neste momento não sabemos qual vai ser a posição do clube… Seja aquilo que for e aquilo que se proporcionar, o Penafiel vai se munir de todas as suas armas, de todo o esforço, empenho, dedicação e se calhar fazer uma aclamação muito grande a todos os associados, empresários, Câmara e massa anónima que possivelmente se juntem a nós para que o Penafiel atinja o grande objectivo de fazer mais e melhor. Esse mais e melhor não sei o que vai ser. Logo se verá.







Notícia publicada no jornal (In)Formação do FCPenafiel
14.06.2009

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Conversa com... Digão

“Já atravessei bastantes desafios, venci sempre e este é mais um para vencer”.


O futebolista brasileiro "Digão" (nome futebolístico), foi a grande surpresa na apresentação do plantel do FCPenafiel, para a época que se avizinha. Não só pelos 1,94 metros, mas principalmente pela ligação familiar à vedeta merengue Káká.
Ainda ligado ao clube italiano AC Milan até 2013, Digão representa por empréstimo o clube duriense por uma temporada.
O jornal Imediato falou com o próprio. Numa conversa embalada pelo samba das palavras brasileiras o defesa central penafidelense, irmão de um astro canarino, falou do passado, presente e também futuro, revelando tino e dedicação no mundo da bola.
Várias foram as certezas, mas uma ficou quando se lhe pergunta o que é para si o futebol. A minha vida… responde ele.

1.Como nasceu o gosto e o interesse pelo futebol?
Desde pequeno eu nasci num lugar onde sempre jogávamos futebol, eu e o meu irmão Penso que no Brasil, assim como também em Portugal, quando um menino nasce lhe dão uma bola.

2.Essa sua ligação ao mundo do desporto rei deve-se a alguém em especial? Alguma influência?
Não. Nenhuma influência para ingressar no mundo do futebol. Nasceu comigo o gosto.

3.E como surgiu o convite e o seu ingresso no FCPenafiel?
Aconteceu através do Dill, que é um amigo e que jogou com o meu irmão. Ele me falou deste clube, entrou em contacto e eu vim através da intervenção dele.

4.Talvez ainda seja cedo para se falar, no entanto o que nos pode dizer do que sente no seio do balneário penafidelense?
Ainda é um pouco cedo, mas sim, sem dúvida, eu gostei do ambiente, dos jogadores, do treinador e do objectivo de trabalhar. Adaptei-me muito bem.

5.E que certezas pode dar aos adeptos penafidelenses no que diz respeito à sua atitude e entrega ao vestir a camisola rubro negra?
Em relação ao meu trabalho é que eu me vou dedicar não a 100, mas sempre a 110%. Irei dar sempre o meu máximo possível, dentro de campo sempre a mesma dedicação e com a máxima de vontade. Porém, um resultado não depende de um jogador, mas sim do grupo. Eu acredito que este grupo irá conseguir bons resultados.

6.E como têm sido os primeiros tempos em Penafiel e no País?
Tem sido bons, só as bolhas que me têm atrapalhado um pouco os pés, mas de resto têm sido bom. A cidade é muito legal, é uma cidade pequena mas muito organizada e Portugal gostei também bastante.

7.Até onde pretende levar o nome do clube que representa actualmente?
Em relação a isso, a gente irá degrau por degrau.

8.Dentro das quatro linhas como se caracteriza enquanto jogador?
Pela minha altura, sou um jogador forte nas bolas altas. Um jogador que marca muito de perto e agressivo.

9. A um nível mais pessoal, já é do conhecimento de todos que é irmão da vedeta merengue Káká. Sei também que foi responsável pela alcunha dele, pode contar um pouco mais dessa história?
Foi, quando eu era pequeno não sabia falar Ricardo, aí eu cresci chamando Káká. E foi assim que ficou.

10.Como é a vossa relação, estão em contacto muitas vezes?
Sim sim, todos os dias nós falamos. É um contacto mesmo de amizade. Nós conversamos sempre, quer seja por telefone ou por internet.

11. Que semelhança existe entre o Digão e o Káká?
Dentro de campo digamos que nenhumas porque ele é um atacante e eu um zagueiro (defesa central). Não tem nada a ver. Agora fora de campo eu sempre procurei ser uma pessoa, que tal como ele é, tranquila mas que sempre trabalhamos muito sério.

12.E uma possível vinda do Káká a Penafiel, é algo que os penafidelenses podem esperar?
Bom, aí eu não sei, depende do calendário. Ele sempre me visitou, sempre veio nos dias de folga. É muito difícil que ele tenha um dia livre mas se ele tiver com certeza ele vem.

13.É irmão de um jogador com uma projecção mundial muito grande. Sente-se um privilegiado no mundo futebolístico devido a tal facto?
Sim, com certeza. Sempre vivi com o Káká as vitórias e títulos que ele teve. Estar perto dele faz-me viver muita coisa no futebol e ser um privilegiado sim. É sempre bom conviver com muitas vitórias.

14.Logo a seguir à vinda para o Penafiel os títulos dos jornais eram muitos deles idênticos a: “Irmão do Káká no FCPenafiel”. Como reage a isso? Não o incomoda esse facto de referirem o nome do seu irmão e não tanto o seu nome?
Isso para mim não muda nada, não levo em consideração essas coisas. Para mim eu sou o Digão, ele é o Káká. O que interessa é a nossa relação, agora o que escrevem isso para mim, e volto a repetir, não muda nada.

15.O futuro está sempre mais próximo do que aquilo que pensamos. O que é espera e anseia ver chegar?
De futuro eu penso só no campeonato. Estou aqui agora e só depois a gente pensa no que possa vir.

16. O Digão é ainda um jogador jovem. Quais são os seus maiores sonhos e as suas maiores ambições, no mundo do futebol?
A minha ambição é voltar a jogar num team grande, de grande expressão. E jogar na Europa sempre foi um dos meus sonhos.

17.Considerasse um vencedor pessoal e profissionalmente?
Sim, bastante. Apesar de ser muito jovem já atravessei bastantes desafios, venci sempre e este é mais um para vencer.

18.E quando se tem o infortúnio de ser vencido?
A gente tem de levantar a cabeça, surge um desafio de novo, e aí vence.

19.Para além de uma paixão, acredito eu, o que é para si o futebol?
O futebol é… a minha vida.




Publicada no jornal Imediato de dia 16.07.2010, de Penafiel.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Conversa com... Hugo Oliveira

É o único treinador português de guarda-redes licenciado pela FIFA, recentemente a Federação Portuguesa de Futebol convidou-o para reforçar os quadros técnicos federativos, e esteve presente na entrega de prémios da I Cup – “Sentir Penafiel”.
Apresentou e fez um hino à coragem que hoje em dia se tem em ser guarda-redes, afirmando que ser “guarda-redes é ser o anti-herói num desporto em que toda a gente só quer o golo”.
É um profissional apaixonado por aquilo que faz e a ambição, característica que também não dispensa.
Caracterizou este torneio, o qual apadrinhou, como sendo algo de “grande incentivo para todos os miúdos”, aproveitando para assegurar “que se justifica lutar pelos sonhos”.
Em todos os momentos, afirma que viveu “emoções verdadeiras” e confessou ainda que não se sente um sortudo, mas sim “sinto que trabalho para ser sortudo”.



1.Actualmente é treinador de guarda-redes, o que esteve na base dessa escolha?
Hugo Oliveira: Bom, na base da escolha teve o facto de enquanto jogador ter estado à baliza e sentir o trabalho de guarda-redes no jogo, assim como é para mim a posição em jogo mais bela no futebol.

2.Já passou pela formação de jovens guardiões e trabalhou em todos os escalões seniores do futebol português, da III Divisão à Primeira Liga. Como foram todos os momentos passados nos mesmos clubes, onde encontra diferentes temperamentos, diferentes estados de espírito e diferentes métodos?
Hugo Oliveira: Em todos eles guardo boas experiências, em todos eles guardo boas recordações, uma melhores, outras piores, mas em todos os clubes deixei amigos e tive emoções verdadeiras. Desde épocas muito boas no FC do Marco onde foi lançado aquele que é agora um dos guarda redes da Selecção Nacional, o Beto, passando por anos muito positivos no Gil Vicente, apesar das dificuldades desportivas do clube e este ano foi a subida de divisão na União de Leiria e a assinatura pela Selecção Nacional. Em todos os clubes passei momentos muito bons.

3. Como sente ao ser em várias situações do dia-a-dia ao ser anunciado como sendo o único treinador português de guarda-redes licenciado pela FIFA? Uma sensação de prestígio?
Hugo Oliveira: Bom, isso não me preocupa nem encarrega em mim um fardo muito pesado, para mim o importante é a prática e sempre os resultados desportivos. O que me deixa satisfeito mais do que esses nomes, essas licenciaturas e graduações, são os resultados dos meus guarda-redes sempre dentro de campo.

4.Recentemente a FPF convidou-o para reforçar os quadros técnicos federativos. Esta será então para si uma estreia no trabalho com a FPF. Este convite deixou surpreso? Orgulhoso? Expectante? Realizado?
Hugo Oliveira: Deixou-me com um misto de emoções muito fortes. Primeiro, muito satisfeito por se terem lembrado do meu nome e pelo trabalho que eu tenho vindo a fazer estar a ser observado. Depois, mais do que tudo acho que é a demonstração de respeito pelo trabalho dos treinadores de guarda-redes em Portugal, porque está a existir a partir de agora uma preocupação com o trabalho dos guarda-redes no jogo, que até há um tempo estava esquecido. Para mim são momentos únicos, porque representar a nação é chegar ao patamar mais alto do futebol português e tentar corresponder às expectativas que são criadas também.

5.O que sente ao servir os jogadores e a Selecção Nacional?
Hugo Oliveira: Sinto um orgulho muito grande e sinto também uma expectativa para conseguir feitos, porque passar por lá é muito fácil, agora passar por lá e deixar trabalho é o meu objectivo.

6. É um sonho já realizado?
Hugo Oliveira: É um de muitos já realizado, mas ainda muitos há para concretizar.

7.Há uma frase celebre que diz, “ser Guarda Redes é, evidentemente, uma maneira de se diferenciar dos restantes”. Sente que com todo este currículo bastíssimo que transporta consigo, se diferencia de todos os outros?
Hugo Oliveira: Não me preocupa isso, preocupa-me ser eu mesmo. Agora, também acho que não existem pessoas iguais e eu procuro ser eu próprio em todas as circunstâncias da vida, não me deixar mudar pela circunstância, crescer dia a dia e procurar vincar a minha forte personalidade.

8.Foi convidado para estar presente neste torneio e de certa forma apadrinhá-lo. Na sua opinião o mesmo poderá ser uma oportunidade para aqueles miúdos que têm talvez a ambição de alcançar o que o Hugo já alcançou?
Hugo Oliveira: Eu espero servir sempre como um exemplo positivo, mas mais do que tudo espero realçar que jogar à baliza e ser guarda-redes não é para todos, mas é belo. Espero que a minha passagem por aqui seja lutar contra aquilo que na minha opinião está acontecer no futebol português, é que hoje em dia todos os miúdos querem ser Cristianos Ronaldos, e eu quero que a partir de agora nasça a ideia de não querer jogar só na frente mas também na baliza.

9.“Ser guarda redes é ter alma de anjo, coração de leão e vida de sofrimento…”, esta seria talvez uma das muitas mensagens que tentavam transmitir a estes atletas, em especial aos guardiões das balizas?
Hugo Oliveira: Sem dúvida… Ser guarda-redes é ser o anti-herói num desporto em que toda a gente só quer o golo e a nossa missão é evitar que ele aconteça.

1o.“Os miúdos pequenos que têm muito ego querem ser guarda-redes”, como encara e explica este mesmo facto?
Hugo Oliveira: Jogar na baliza não é para todos, primeiro temos de assumir responsabilidade, dar a cara à luta e estar preparado para o sucesso e para o insucesso. Eu costumo dizer o seguinte: se todas as pessoas no seu dia-a-dia levassem tantas frustrações como o guarda-redes, muitas delas saiam do escritório todos os dias para ir para casa com uma depressão. Os guarda-redes não, vivem o guiar do sucesso e do insucesso todos os dias e são na minha opinião uns heróis.

11.Tive a oportunidade de ver o seu site “Hugo Oliveira – Redes Seguras” e numa dada altura lá dizia que “…ser guarda-redes em Portugal é ser mais vilão que herói.”, estes miúdos que aqui estão e que pretendem ser Guarda-redes vão ter no nosso país um longo e difícil caminho a percorrer?
Hugo Oliveira: Muito difícil, principalmente porque vivemos num país em que se dá mais valor aos jogadores estrangeiros que aos portugueses. No entanto, eu acho que quando a luta é forte e quando o desafio é maior, depois quando conquistamos somos mais felizes. Esse é um desafio que eu lanço, para sermos felizes na baliza temos de estar preparados para ganhar hoje, perder amanhã, mas essencialmente preparados para querer ganhar uma vida.

12.O papel de Guarda-redes não é tão valorizado em relação às demais posições dentro de campo?
Hugo Oliveira: Não, nem pensar. É preciso perceber que um avançado pode falhar quatro ou cinco golos e nunca é criticado, um guarda-redes pode falhar uma vez, deixar perder três pontos e às vezes um campeonato. Não é para todos.

13.Alguma vez sentiu isso e assistiu a essas atitudes?
Hugo Oliveira: Muitas vezes, basta ler os jornais à segunda-feira para perceber o tratamento que é dado aos jogadores de campo e ao guarda-redes

14.Sente-se um sortudo?
Hugo Oliveira: Sinto que trabalho para ser sortudo.






Data: 16.08.2009
Publicada no jornal (In)Formação do FCPenafiel no qual desempenhei funções de Directora e Jornalista.